É preciso equilíbrio interior, criatividade e amizade, sem expectativas, para entregar aos filhos o Conhecimento de Deus.
Pergunta: – Mestre Raphael, estou com dificuldade para orientar meu filho no trabalho esotérico. Poderia me orientar em algo? O meu filho é uma criança e gostaria de orientá-lo no trabalho esotérico.
Resposta – V.M. Raphael –: Todos nós precisamos observar o filho. Muitas vezes, o filho está com falta de amigos. Não estou aqui defendendo as atitudes do filho em hipótese alguma. Certamente, há muitos defeitos. Mas quando aprendemos a ser mais amigos – não quero aqui estar interferindo na educação de ninguém, mas é apenas uma sugestão que eu estou passando aqui.
Nós todos somos carentes de amigos. Todos nós, desde a nossa infância, nós sempre queremos ter um amigo. E até o ponto de, quando nós somos crianças – quando não temos um amigo –, criamos um amigo imaginário. Veja aí uma carência de amigo. Então, eu vejo assim:
O pai, ele precisa aprender a ser amigo porque, ele sendo amigo, ele vai compreender aonde é que o filho precisa lapidar e vai ter a maneira de chegar e o filho vai ter maneira de aceitar do amigo. Então, é uma relação que – faltando esses princípios –, ela fica prejudicada. E ele acaba tirando sempre reações revoltosas. Eu conheço isso porque eu também já fui jovem. Não sou velho, mas já fui adolescente, já fui criança e também já fiz muita “arte” como todo mundo, não é? Mas eu aprendi as profundidades para hoje dizer isso que eu estou dizendo. Muitas vezes a culpa – não é que tem que ter uma culpa – mas é que nós também não sabemos agir, e esse não saber agir, é não saber ser amigo.
Precisamos acompanhar, precisamos nos interessar pelas escolhas que os filhos fazem. Precisamos estar perto; brincar com eles; dar atenção, não é? E isso tudo requer de nós um equilíbrio interno. Então, nós precisamos trabalhar por nós mesmos. Fazer o trabalho em nós e nós conseguiremos alcançar isso que eu estou falando, que não é teoria. Isso não é teoria. Vai mudando mesmo as frequências da parte de dentro da gente e nós – com calma, com uma força diferente que vai nos impregnando – conseguimos nos tornar verdadeiros amigos de nossos filhos, e eles irão nos ouvir, não é?
Porém, existem outros aspectos de todos nós que é o agregado robustecido. As revoltas de todos os adolescentes sempre são voltadas a coisas, muitas vezes, sempre de sua própria imaginação. Eles querem algo e quando não tem, ficam aborrecidos e até violentos. São Eus, não é? Agora, talvez ali, chegar como amigo seja até difícil, impossível não é? Conhecemos também todos esses ângulos. Mas existe aquela persistência que nós precisamos aprender. Sempre seguir ali nos objetivos, mostrar uma superioridade em atitudes, e não, em igualdade. Por exemplo:
O filho está revoltado e nós ficamos também. Não. Aí estamos na mesma moeda. Então, há sempre o momento da reflexão. Sempre há um instante refletivo para todos, mesmo para aquele que está revoltado hoje, o adolescente. Quando ele cair na real, ele levantar de manhã, ele pode receber uma pressão de sua consciência. Se nós estamos sempre calmos, nunca nos deixamos levar pela revolta deles, nós iremos perceber isso, e ali, naquele momento, nós poderemos ajudá-lo. Então, muitas vezes, o momento de revolta é melhor deixar passar. Não ir ali para discutir e piorar tudo. Deixa passar. Seja mais consciente, mais equilibrado. E aí, em outro momento, quando se estiver mais calmo, possa vir ser realmente amigo e vir começando essa amizade, tentando resgatar isto, que é muito importante.
Então, essa é a minha orientação. E não seja bem uma orientação, mas uma sugestão de como. Pois eu sei como a situação é difícil de lidar, muitas vezes, exige de nós algo que nós não temos. Esse não temos – eu já digo por experiência – que somos todos capazes de alcançar. Façamos por amor esse esforço, e iremos alcançar esses objetivos.
Tenho certeza de que vai alcançar porque são seres humanos nossos filhos – eles também têm essências, também têm certo lampejo de arrependimento de suas ações. É que nós não sabemos quando isso acontece. Porém, eu sei que acontece. Eu sei porque eu também fui jovem, eu também fui adolescente, também fiz bobagens e também me arrependi. Então, todos nós como pais hoje, precisamos refletir em quem nós somos, em quem nós fomos para que encontremos o antídoto que nosso filho está precisando porque nós também já fomos assim. E é nessa descoberta que nós iremos ajudá-los melhor e mais de perto como realmente amigos.
Muito obrigado.
Então, precisa esperar que ele cresça, não é? Precisa brincar com a criança, aprender com a criança – se é uma criança. Então, é isto: Se é uma criança, aprender com a criança.
Comentário de uma estudante da Gnose: – Pode-se também brincar em matar o ego, utilizando uma espada imaginária, fazer a criança ir imaginando tudo isso.
Resposta – V.M. Raphael –: É uma sugestão muito interessante. Criar uma brincadeira junto à criança. Dizer, de certa forma, que aquilo é o que acontecia. Contar as histórias. Contando histórias pra criança antes dela deitar. São coisas que os pais não estão fazendo mais. Isso de você contar uma história esotérica, as crianças ficam prestando a atenção ali, quando o pai conta.
E se você dá um exemplo do “ego” – do que é “o ego”: olha é um sujeito mal, não é? Ele contando mesmo oque “o ego” leva as pessoas a fazer; você bolar uma história. Isso é importante porque você vai dando uma opinião, um direcionamento consciente para aquela personalidade que está se formando, não é? E isso pode dar um direcionamento futuro. Não espere nada. Não se pode criar expectativas. Porém, nós precisamos aprender por nós e para nós, e para o nosso objetivo de alcançar a vivência nos ensinamentos, precisamos aprender a transmitir os ensinamentos de uma maneira necessária para o momento.
O momento criança nós precisamos aprender a contar as histórias que as crianças ouvem. Precisamos aprender a brincar com as crianças, ensinando – criar brincadeiras que ensinem. Isso tudo é muito bom. Não é delito. Pode sim, vir a dar frutos, vir a dar resultados. Então fica aí a sugestão da irmã inclusive, para essa questão.
Pergunta: – Mestre Raphael, e isso dos jogos no computador, o que fazer? Os jogos são sempre automáticos, seguem sempre o mesmo trilho.
Resposta – V.M. Raphael –: Jogos de computador acabam gerando um fascínio. Se ela não tem o Íntimo, ela não sabe transformar as impressões. Não aprendeu isso. Então, a criança acaba criando uma fascinação e formas mentais do jogo. Então, privar a criança de sua liberdade é também tão monstruoso do que deixá-la jogar. Então, ficamos ali num buraco sem saída. O que podemos fazer é descobrir algo alternativo que substitua aquela fixação pelo jogo. Talvez, não deixando jogar. Nem mostrando o jogo, mas a partir do momento que os coleguinhas chegam – as amizades –, ele vai passar a se interessar pelos jogos.
Eu mesmo nunca fui atrás disso. Quando era criança, os colegas tinham condições de comprar aqueles aparelhos de jogo e tal, e eu não tinha. Então, eu já era um conformado de não ter capacidade pra comprar aquilo. Então, eu não jogava e nem ficava pressionado ninguém em casa pra comprar. É diferente. Mas, eu vejo que, muitas crianças quando sabe que o amiguinho tem quer também, não é? E o pai fica vendo aquilo e acaba comprando o aparelho pro jogo. E isso acaba gerando algo pior. Melhor é ela ficar sem. Mas tem certas condutas dos pais que precisam ser muito bem pesadas, refletidas para que não gere um impulso contrário e também não alimente nada pessimista, nada assim, inferior – passando algo inferior, como por exemplo, sentir-se inferior porque o vizinho tem o brinquedo e o nosso filho não tem. Isso acaba criando uma frequência. Então, às vezes, é até melhor não ter televisão em casa. É até melhor não ter computador.
Mas fica aí uma sugestão: cada qual tem que aprender a lhe dar com as situações e saber vencer as situações e as dificuldades porque é aí que estão as pérolas guardadas. Estão aí as pérolas escondidas para nós formarmos a nossa consciência. São todas essas dificuldades. Não busquem facilidades, essas coisas, porque não é por ali não. É pela dificuldade em vencer ela, em saber superar, em aprender aonde é que está o ouro, onde é que está a sabedoria.
Força a vocês. Contem aí com os nossos irmãos e também comigo para tentar, de certa forma, ajudar.
V.M. Raphael
Trecho da transcrição da Conferência Virtual do dia 10-07-2010