Pergunta: – Mestre Raphael, explique-me, por favor, qual a diferença de compreender o “ego” para depois, com a súplica à Mãe Divina, eliminá-lo e suplicar para sua morte?
Resposta – V.M. Raphael –: Vamos compreender o que é morrer no defeito psicológico. (ego é o espectro formado por inúmeros agregados psíquicos, ego é personificação de defeitos, legião de eus psicológicos). Antes, nós precisamos abordar como o defeito psicológico age em nós. Ele age nos detalhes, ele age aos poucos. Ele não vem de uma vez e rouba. Ele fica mamando aos poucos, nos detalhes. São por pensamentos, sentimentos até sutis – a maioria é por pensamentos. A pessoa fica ali numa tagarelice mental terrível,
sempre está pensando, sempre voando, se autoconsiderando, ou por auto estima ou baixa estima, medo, orgulho, vaidade, sempre sonhando, seja com luxúria, seja com desejos, fascínios, ostentações e etc.. O pensamento é muito sutil. Ele surge, leva a energia mental e vai se plasmando no defeito. Ele fica ali, nos detalhes, mamando. Se a pessoa nunca se der conta disso, os defeitos se robustecem aos blocos, até legiões inteiras.
Quando nós queremos mesmo o trabalho, nós precisamos então nos concentrar na auto-observação para descobrir essa legião de eus psicológicos. Então vamos nos auto-observando. Na primeira percepção que a Consciência nos mostra da ação de um defeito, ou seja, percebemos que ele está ali na máquina no centro intelectual, ou em qualquer outro centro, agindo. O que ele está fazendo? Ele está roubando a energia daquele centro. Nós devemos imediatamente suplicar a morte daquele defeito porque nós o observamos e já o vimos agindo. Na continuidade desta ação, da morte nesses detalhes, nós vamos gerando uma compreensão sobre o defeito.
Isso de você compreender, pensar que compreende sonhando com os defeitos, ou seja, o sujeito fica ali raciocinando o que é a ira. Ele coloca vários tópicos sobre a ira. Ele sabe da ira na parte subjetiva. Quando é na parte prática, na hora de agir, ele não sabe o que vai fazer. Por quê? Porque ele não quis fazer a parte prática (observar os detalhes, morrer nos detalhes). Ele quis apenas entender como é a compreensão. Acha que a compreensão vem pelo raciocínio, pelo pensar no defeito. Isso está equivocado. Jamais qualquer compreensão virá pelo Centro Intelectual. Nunca virá.
Compreender é algo que está além do pensamento. A compreensão pertence à Consciência. O entender sim, pertence ao Mundo Mental, dos raciocínios, da lógica mental. Agora, dialética da Consciência, já pertence à Consciência, assim como a compreensão e etc.. Eis que está.
Se o sujeito age na parte prática, quando ele percebe a ação do defeito, auto-observando-se, ele não está fazendo com “a mente”. Para auto-observar-se não pensa, ele está atento para perceber, captar a ação de um defeito. Imediatamente, ele suplica à Mãe que não está na mente. A Mãe não pertence à nossa mente, ao que nós pensamos. A Mãe está além de tudo. Nós suplicamos pelo que nós vimos, pelo que percebemos pela auto-observação. A Mãe imediatamente irá agir naquele detalhe de defeito. Vai ser nessa continuidade de ações em derrubar o defeito, que vem se formando a compreensão, logo a Consciência. Por quê?
Porque nós vamos tirando do defeito pequenas essências que ele aprisiona. Essas partículas de essências, elas vêm se juntando ao que nós temos de essência livre. Ela traz uma autoconsciência do defeito ao qual estava aprisionada. Acontece que quando ela chega à essência que esta livre, ela dá um choque de compreensão quanto àquele defeito (um lampejo de compreensão, e vai despertando esses 3% de essência livre, e vai se aglutinando mais essências livres). Isso só acontece na continuidade de propósitos em continuar a prática de se auto-observar e morrer nos detalhes de defeitos que agirem.
Não é pensar em morrer. Não é ficar com “a mente” se auto-observando. Não faz nada porque ali é um “ego” observando outro “ego”. É um defeito observando outro defeito. O observar não está ligado ao pensamento. Vamos dizer aqui em miúdos em uma frase do Mestre Rabolú, ele disse assim:
“- Nós não temos uma mente. Não sou partidário de falar da mente porque nós não temos uma só mente, nós temos milhares de mentes. Cada agregado é uma mente.”
Então, de que serve “a mente”? A mente não serve para nada. Isso que o Mestre disse é que a nossa parte acima do Corpo Mental que faz o trabalho chama-se essência desperta ou Budhata. A auto-observação vai despertando nosso Budhata, nossa essência. Essa essência desperta recebe o nome de Budhata, é ela que virá percebendo a ação do defeito e imediatamente devemos agir suplicando à Mãe Divina.
Nós precisamos ascender as oitavas para despertar o Budhata para que se faça o trabalho. E não, o “eu gnóstico” que pensa em auto-observação”, porque existe também esse “eu gnóstico”, que fica pensando e não é por ali. É algo revolucionário que você não pode pensar. É como se você estivesse num campo de batalha e os inimigos estão dentro de sua própria mente (são muitas mentes). Que defeito nós iremos eliminar se nós estamos pensando no defeito? Seria outro defeito que vai se robustecendo enquanto nós queremos
eliminar o outro.
A auto-observação não é pensar em se auto-observar, mas você estar se auto-observando em silêncio mental. É Estado de Alerta Novidade Contínuo. Observar é estar apto a captar a ação interna de qualquer manifestação do “eu”, os detalhes. Você suplica, A Mãe age imediatamente, ela não deixa aquele defeito agir. Não o deixando agir, ela tira uma parte de essência dele. Na continuidade é que o defeito vem morrendo. Não é de uma vez. Os defeitos morrem um a um e por etapas.
Isso de compreensão é algo didático, algo elástico, algo que se vai ampliando a medida que se venha aplicando a tarefa de morte psicológica de momento a momento como disse o Mestre Samael. Nós aqui ampliamos a compreensão a essa aplicação. É de segundo a segundo. Você tem que estar se observando, porque em um segundo, o defeito pode por tudo a perder se você se identificar com ele. Não pode baixar a guarda. Eis outra frase do Mestre Samael – “- Nunca baixar a guarda.” – Tudo isso precisa ser compreendido a fundo, ok?
O Alerta à Novidade: Estar Desperto ao Momento, às Ações dos “eus” em Diversas Faces.
Pergunta: – Mestre Raphael, desculpe se não for pedir demais, poderia me explicar melhor isso que acontece quando se diz que “num segundo o “eu” põe tudo a perder”?
Comentário – Maria –: – As reações automáticas. Se não estamos atentos ao nosso interior, agimos por impulso e cometemos vários erros, como o de matar o semelhante. O indivíduo mata e só depois se dá conta do que fez. Os eus agem a todo instante, temos que vigiar (ver os defeitos querendo entrar na máquina) e orar à Divina Mãe (pedir a morte do elemento, do eu) para não sermos roubados.
Resposta – V.M. Raphael –: A princípio, nunca é demais ou pedir demais, que nós expliquemos ou que cheguemos a desvendar ou desvelar um entendimento para se atingir a compreensão. Sim não há o que desculpar você não disse nada errado. Mas todos fiquem à vontade para fazer quantas questões quiserem. Agradeço pelas questões, porque nós podemos ampliar, nós podemos ajudar os nossos irmãos melhor. Isso é o que importa. Obrigado pela questão.
O defeito psicológico, por ele ter muitas faces, ele se camufla com facilidade dentro das nossas atividades mecânicas, da mecanicidade de nossa vida. Nós sempre temos atitudes mecânicas, costumes, hábitos, engrenagens em que nós estamos apoiados. Por isso, o Mestre Samael também fala assim:
“– Atrás do incenso e da oração também se esconde o delito.”
Vamos compreender o que é isso. O “eu”, como ele tem muitas faces, isso significa que o eu cria muitas chaves de acesso à máquina, à psique, ele se adapta ao que nós estamos buscando. Ele participa e se mescla com o que nós pensamos, sentimos, achamos, aceitamos ou rechaçamos. Ele está presente em todas as nossas manifestações, seja na parte de pensamentos, sentimentos, sonhos, seja lá o que for que nós tenhamos, o eu participa.
Se nós não estamos atentos, nós baixamos a guarda, o eu então assume a frente porque ele estava sem alimento quando estávamos morrendo nos detalhes. Na baixa da guarda o “eu” quer recuperar o que perdeu. Eis que ele vai de qualquer forma ao pote, ele corre para assumir o controle da máquina e fazer com que o delito aconteça. É isso que se refere. Por isso, diz-se assim, “continuidade de propósitos”, morrer de instante a instante e de momento a momento. Olha só, instante a instante e de momento a momento. Por que será que
o Mestre falou em instante a instante fazendo uma redundância com momento a momento? Seria uma redundância? Ou uma urgência compreender que é a todo segundo?
Náo vejo como uma redundância. Sabe como vejo? Como uma emergência que nós compreendamos isto de morrer, e em cada segundo estar se auto-observando para descobrir a ação do elemento psíquico, do elemento subjetivo dentro de nós. Isso nos chama a atenção para que nós aprendamos verdadeiramente a nos auto-observar, e não, pensar em auto-observar, como eu disse anteriormente. Pois aí abre as portas para o “eu psicológico”.
O “eu” está nas mentes dentro de nós, nós chamamos de Corpo Mental. O que acontece dentro do Corpo Mental são os agregados psíquicos, esses defeitos que estão nas pregas mentais, lá dentro no nosso Corpo Mental. Se nós vamos pensando, pensando, eles sabem tudo o que nós vamos fazer. Por isso, nós chamamos de campo de batalha, porque é pelo pensamento que nós vamos às ações, é o que nos faz cair.
Os desejos agem primeiramente na mente, poucas são às vezes em que, por exemplo, o intelecto subjetivo vá agir sozinho. Ou seja, o elemento que ataca o centro intelectual fique só ali. Ele vai agindo até atingir todos os centros. Então, ele pensa, vai atingindo o emocional. Do emocional vai descendo até o motor, o instintivo e o sexual. Quando ele atinge o sexual, ele chegou aonde ele queria. Ele queria era assaltar o centro sexual porque ali tem a energia que é explosiva.
Veja que se nós não combatermos os defeitos, não estarmos alertas à novidade como disse também o Mestre Samael – veja só, Ele ensinou tudo isto. Esse alerta à novidade é você estar desperto ao momento, não ficar sonhando nunca. Não ir atrás dos sentimentos e dos pensamentos que assolam “a mente”, as preocupações, ficar voltado a isto, porque você vai perdendo o fio da meada do trabalho e vai começando a mesclar com o“eu gnóstico”.
Eis que nasce o “eu gnóstico”, o pensante sobre Gnose, e se esquece da parte realmente gnóstica, que é a parte prática, a parte vivida, aquilo de você desvendar a você mesmo como um soldado em campo de guerra, que você precisa estar em alerta, porque senão os inimigos vão te render. Esse é o princípio do trabalho interno.
V.M. Raphael
Trecho da transcrição da Conferência Virtual do dia 02-07-2011